06 dezembro 2006

JÓIA BR

DIAMANTES DE SANGUE – por Adriana Costa


“Dizem que ele vem do coração da Terra para testar o coração dos homens.

Uma pedra tão rara, que os homens fariam qualquer coisa para possuí-la.

Guerras seriam lutadas por ela, mas aqueles que a tocam são deixados com sangue em suas mãos”.
do trailler de Blood Diamond (Diamante de Sangue)

Com estréia marcada para este mês nos Estados Unidos e fevereiro de 2007 no Brasil, o filme Blood Diamond e seu possível impacto está deixando em polvorosa o setor de diamantes e jóias no mundo.

O presidente da De Beers, Nicky Oppenheimer, alerta para a necessidade de mais controle dos diamantes. A reunião do Processo kimberley em Botsuana foi adiantada para novembro.

No filme a história se passa em Serra Leoa, na década de 1990. Um contrabandista sul-africano, Danny Archer (Leonardo Di Caprio) e um pescador, Solomon Vandy (Djimon Hounsou) – que foi arrancado da família e obrigado a trabalhar nas minas de diamante, tentam recuperar um raro diamante rosa (achado e escondido por Salomon). A busca pela valiosa gema, que poderá transformar suas vidas, mostra como os diamantes extraídos em zona de guerra, eram vendidos, geralmente clandestinamente, com o propósito de financiar a guerra civil africana.

Os horrores da guerra civil e a revelação dos diamantes sangrentos, usados em países da África para financiá–la, levaram a uma mobilização internacional sem precedentes. Com intervensão efetiva da ONU e das forças britânicas, a guerra em Serra Leoa terminou em 2002. Na vizinha Libéria, chegou ao fim um ano mais tarde.

Em 1999, Nelson Mandela apontou a importância do comércio de diamantes para a economia do sudeste da África e a necessidade da indústria tomar medidas baseadas nos direitos humanos, ao invés de realizar boicotes, para colocar fim ao comércio dos diamantes de conflito.

Foi criado o Processo Kimberley na ONU, que desde de janeiro de 2003 certifica a origem dos diamantes brutos no mundo - Kimberley Process Certification Scheme (KPCS). Os governos de cada país signatário devem colocar em prática mecanismos para excluir diamantes ilícitos do comércio. Um dos exemplos de resultados do Processo Kimberley é o comércio de diamantes de Serra Leoa, que cresceu de U$10 milhões em 2000 para U$141 milhões em 2005.

Um relatório recente da Parceria África Canadá (PAC), que faz o papel de observadora no Processo de Kimberley, disse que o sistema reduziu drasticamente o comércio ilícito de diamantes, mas que deficiências graves não foram solucionadas. As investigações de ONGs e da ONU revelaram fraudes maciças na certificação de diamantes no Brasil e na Guiana, e mostraram a lavagem de diamantes sangrentos vindos da Costa do Marfim, disse a PAC. Lembro que no Brasil há suspeitas de certificados falsos de diamantes vindos da África, além de extrações ilegais em terras indígenas.

Com receio de que o filme conte somente parte da história e afete permanentemente a confiança do público com relação aos diamantes o sr. Kago G. Moshashane (chefe do Kimberley Process) e Eli Izhakoff (presidente do World Diamond Council) escreveram uma carta no início do ano aos produtores e diretores do filme alertando para a importância de mostrar os acontecimentos em Serra Leoa ao mundo, mas também os esforços feitos até então para eliminar os diamantes de conflito, as mudanças da indústria de diamantes e principalmente as mudanças em Serra Leoa e outros países africanos. Vamos ver no filme se os pedidos foram ouvidos...

Enquanto isso, fico pensando no poder que os fabricantes de jóias têm para impor certificados e clareza na origem de seus diamantes e imagino se vão usar este poder antes que os consumidores exijam.

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