Aluga-se um estilo de vida
Por Patrícia Gaspar Qual mulher já não pensou em alugar um vestido para se livrar daquele tradicional transtorno que antecede festas e casamentos? A idéia de alugar smokings e vestidos sofisticados, adotada há mais de dez anos sob a bandeira da praticidade, parece ter sido ultrapassada. O mercado de produtos de aluguel cresceu e se diversificou, atraindo um consumidor que não está interessado em economizar e sim em exibir produtos de alto prestígio simplesmente para fazer pose. fonte: site gestão do luxo
Aquele luxo, que foi em outras épocas apanágio da elite, dos ricos e das celebridades, agora é acessível a qualquer um que se disponha a pagar num aluguel uma quantia que varia de 10% a 15% do valor do produto. Nos últimos anos, houve uma explosão nos aluguéis de iates, jatos particulares, mobiliário sofisticado e até mesmo obras de arte.
Pode parecer estranho, mas não estamos longe do absurdo. O mercado do parecer é tamanho, que nos EUA já existem empresas que alugam crianças (!) para adultos que querem posar de pais, tios ou avós em eventos sociais.
Diante deste cenário, fica fácil imaginar porquê o aluguel de artigos de luxo se estendeu com tanto sucesso para a moda das passarelas, tornando-se a maior e mais nova onda de consumo nos EUA. Empresas como Bagborroworsteal.com e Albright Incorporation, que alugam roupas, bolsas e acessórios de marcas como Yves Saint Laurent, Prada, Hermès, Chanel, Gucci e Ferragamo, cresceram vertiginosamente nos últimos meses em função do largo apetite deste consumidor não só pelo luxo, mas também pelo imediatismo e pela variedade.
Atualmente o segmento é constituído na maioria por mulheres vítimas da moda, que estão mais interessadas em experimentar a admiração e a inveja dos outros, do que em possuir de fato um objeto de luxo. O termômetro do produto no mercado pode ser medido pelas já famosas listas de espera.
Ainda que este comportamento pareça uma onda passageira, tão volúvel quanto as vontades do consumidor deste segmento, há quem acene para uma mudança na percepção das pessoas em relação ao conceito de posse, que pode no futuro estabelecer um novo padrão de consumo.
Da forma que os americanos levam a sério seus investimentos, não acho difícil imaginar que logo apareça uma celebridade de alto gabarito vindo a público declarar que seus melhores bens são na verdade alugados, para respaldar e disseminar o comportamento entre o consumidor médio.
Num futuro breve, quem sabe, essas empresas passem a desenvolver opções de leasing, oferecendo ao cliente a satisfação de um “estilo de vida última moda”, onde cenários de uma vida ideal serão montados e desmontados na velocidade do fast food. Destituído de qualquer senso crítico e disposto a ostentar laços familiares tão falsos quanto suas posses de luxo, este consumidor poderá também, quem sabe, alugar avós velhinhos e fofos ou uma família completa para o Natal.
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