GLAMOUROSA COM GLAMOUR
Habituados a ouvir "glamour" em determinados contextos, os falantes de português não terão dificuldade em compreender o termo "glamorosa". Não me parece que se trate de um vocábulo de que a língua precise. Poderá o consulente, se quiser, recorrer a termos como: encantadora, fascinante, esplendorosa, maravilhosa, radiosa, sedutora, deslumbrante, arrebatadora, etc. etc. No entanto, a língua, também não precisa de "glamour" e o termo é utilizado. O consulente poderá, pois, escrever "glamorosa". O curso normal da língua portuguesa decidirá se o termo virá ou não enriquecer e alargar o já vasto leque de sinónimos. A sua questão parece-me ter subjacente uma preocupação com a boa formação da palavra na língua portuguesa e, sobre isso, gostaria de tecer algumas considerações. O termo "glamorosa" pode ser encarado como uma adaptação directa/direta do inglês "glamourous", ou pode ser visto como criação de um adjectivo/adjetivo através da introdução do sufixo - oso aplicado a um substantivo, numa situação próxima do que acontece com amor, amoroso ou clamor, clamoroso, etc. Nesta segunda hipótese estaríamos a aplicar uma regra da gramática portuguesa a um substantivo que ainda não encontrou a sua forma na nossa língua. No Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, Lisboa, existe o verbete glamour, para que se aponta a pronúncia [glámur]. Ora esta pronúncia não é comum em português em palavras terminadas em - or, como seria, em princípio, a terminação do substantivo subjacente a "glamoroso". Veja-se como pronunciamos amor, amoroso; clamor, clamoroso; fervor, fervoroso, etc. Este facto/fato dificulta a aceitação da segunda hipótese, por não haver substantivo que sirva de base à criação do adjectivo/adjetivo. Salienta-se, no entanto, que estamos a falar de hipóteses, formuladas a partir de palavras que ainda não constituem vocábulos da língua portuguesa, o que deve ser assinalado, quando os usamos, colocando-os entre aspas ou em itálico.
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